Vazão no rio Ivaí sobe 1.800%
Medição no rio Ivaí em Paraíso do Norte. Chuvas provocaram a maior vazão em mais de 15 anos.
As fortes chuvas da última semana de julho elevaram o nível dos rios Ivaí e Piquiri, principais afluentes do reservatório de Itaipu, para os maiores patamares em mais de 15 anos. A pior situação foi no Ivaí, com uma vazão de 6,6 mil metros cúbicos por segundo. O volume é 1.800% superior que a média do rio – de até 350 metros cúbicos por segundo. O rio chegou a subir 12,5 metros na estação pluviométrica de Novo Porto Taquara, a 380 quilômetros de Foz do Iguaçu.
Os dados foram obtidos pelo pessoal da Divisão de Estudos Hidrológicos e Energéticos (OPSH.DT), que de terça a sexta-feira da semana passada (2 a 5 de agosto) saiu a campo para verificar a vazão dos rios.
No rio Piquiri, o nível da água já tinha baixado 5,5 metros quando a equipe chegou. Mesmo assim, a vazão registrada foi de 4,5 mil metros cúbicos por segundo – a média do Piquiri é igual à do rio Ivaí, ou seja, até 350 metros cúbicos por segundo. “A última vez que isso aconteceu, uma vazão tão alta, foi em 1995”, comentou o engenheiro Paulo Gamaro, coordenador do trabalho.
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Acúmulo de sujeira na ponte, em Paraíso do Norte. Quando o rio sobe, leva os galhos soltos na margem.
Para se ter uma noção do volume registrado, a vazão no Ivaí chegou a mais da metade da vazão média da Itaipu, que é de aproximadamente 10 mil metros cúbicos por segundo – considerando a água que sai das turbinas e do vertedouro.
Para fazer a medição com o ADCP, barco faz travessias de uma margem para outra do rio.
Objetivos
Paulo Gamaro explicou que Itaipu mantém uma rede hidrológica para monitorar o volume de água que chega à usina. São quase 60 estações espalhadas ao longo da bacia que abastece o reservatório, desde Porto Primavera, passando por Foz do Iguaçu, até Carlos Antonio Lopes, no Paraguai, a 150 quilômetros a jusante da usina. Trinta e nove dessas estações são operadas via satélite.
Equipe da Itaipu teve de enfrentar sujeira e correntezas. Vazão é calculada com dados do nível da água.
O principal objetivo, segundo ele, é prever a quantidade de água que chegará à usina para produção de energia. Com as informações sobre o nível da água colhidas em cada estação, a equipe calcula a vazão.
De tempos em tempos, no entanto, é necessário atualizar os dados que compõem a planilha, como no trabalho da última semana. “É uma calibragem. Você precisa ter medições suficientes quando o rio está baixo, quando está com nível médio e quando está alto. Na semana passada, o nível estava altíssimo”, observou.
Em Balsa de Santa Maria, a 280 quilômetro de Foz, muita lama no caminho dos profissionais da Itaipu.
Para o trabalho, Itaipu conta com um equipamento chamado Acoustic Doppler Current Profiler (ADCP), ou Perfilador Doppler Acústico de Corrente, em português. O equipamento, considerado o mais moderno do mundo, trabalha com ondas sonoras para medir a velocidade, profundidade e vazão da água.
Na década de 90, quando a vazão do Ivaí chegou a 5,5 mil metros cúbicos por segundo, o método usado por Itaipu era outro – um medidor mecânico, chamado de molinete hidrométrico. Com o molinete, o trabalho era mais demorado – seis medições em dois dias – e apresentava maiores riscos, já que o barco precisava ser ancorado para que os dados fossem registrados.
Réguas de medição do nível da água. São quase 60 estações na bacia que abastece o reservatório de Itaipu.
De acordo com Gamaro, com o ADCP os dados são registrados por meio de travessias de uma margem a outra do rio. Somente na estação de Paraíso do Norte, no rio Ivaí, a 400 quilômetros de foz do Iguaçu, foram mais de 50 travessias em apenas dois dias de trabalho.
Réguas de medição do nível do rio Ivaí antes e depois das chuvas: ficou tudo debaixo da água.
“Agora teremos uma calibração melhor na curva-chave, que resultará numa previsão de afluência mais segura e economia da água vertida”, disse o engenheiro. Com essas informações, será possível, por exemplo, calcular qual o nível ideal do reservatório em períodos que antecedem as cheias.
De acordo com Paulo Gamaro, o rio muda e a medição é um trabalho contínuo em hidrologia.
Equipes trabalharam o dia todo na coleta de dados. Até o belo pôr do sol no rio Ivaí.
Fonte: http://jie.itaipu.gov.br/print_node.php??secao=turbinadas1&nid=21520
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